“A Imitação do Vento” rumo a Cotijuba na região insular de Belém
- blognewschristian
- 15 de out.
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Nos dias 18 e 19 de outubro, o projeto A Imitação do Vento desembarca na Ilha de Cotijuba com uma programação que une formação, arte e celebração. No Mirante da Pedra Branca, o público poderá participar de uma oficina de música com Sonyra Bandeira, assistir ao show do trio formado por Mateus Moura, Pedro Imbiriba e Sonyra, e encerrar o domingo ao som de uma grande roda de batuque com artistas locais.
A circulação, , idealizada por Mateus Moura e incentivada pela PNAB-PA (Programa Nacional Aldir Blanc – Pará), propõe aproximar o repertório do álbum das comunidades, cruzando palco e processo pedagógico. Em Cotijuba, o projeto se conecta à rede do Festival Piracema, reafirmando sua dimensão comunitária e o diálogo entre tradição e criação contemporânea.

Cotijuba é território que atravessa a história criativa de Mateus Moura. “Voltar com A Imitação do Vento para Cotijuba tem um sentido muito profundo pra mim”, conta Mateus Moura. “Morei aqui no início dos anos 2010, num tempo em que compus várias canções e realizei o filme A Ilha. Foi uma experiência marcante, e agora sinto como se esse trabalho fechasse um ciclo, devolvendo à ilha aquilo que ela me inspirou.”
Desta vez, a experiência une Mateus a Pedro Imbiriba e Sonyra Bandeira, linha de frente que sustenta a sonoridade do álbum homônimo e o diálogo com os espaços por onde passa. A flautista e cantora Sonyra Bandeira conta que a primeira parada do projeto foi inspiradora.

“Em Castanhal, foi maravilhoso ver as crianças mergulharem de cabeça na oficina, brincando com a magia da natureza do som. Em Cotijuba, pretendo refletir as belezas da ilha, levando olhares curiosos e ouvidos atentos para as cores e sons do lugar”, adianta.
Entre as atividades, estão a construção de instrumentos com materiais recicláveis, vivências que mesclam poesia e música e uma apresentação final dos participantes. Já no show, Sonyra traz sua sonoridade minimalista de flauta e voz em diálogo com o violão de Mateus.
“Fiquei muito feliz ao ser convidada. Era uma soma dos sons que imitam o vento, que fazem reverência à natureza e até mesmo à própria existência”, define. Os ensaios, lembra, foram espaço de trocas e invenções: “Respeitamos os arranjos originais, mas buscamos uma sonoridade tocante, que vibrasse o espectador de dentro pra fora.”
Natural de Ponta de Pedras, no Marajó, Sonyra formou-se em música pelo Instituto Estadual Carlos Gomes e pela UEPA, lecionou no próprio IECG, especializou-se em Ensino da Música e hoje conclui o mestrado profissional em Artes pela UFPA, além de pós-graduação em Musicoterapia.

Versatilidade e a emoção em cena
A circulação também tem sido transformadora para o multi-instrumentista Pedro Imbiriba. Para ele, trata-se de um encontro afetivo, artístico e profundo. “É muito especial pra mim estar circulando com o projeto do Mateus, que admiro muito. Tanto pela pessoa, pela poesia, pela musicalidade. Uma grande inspiração”, afirma.
Na primeira etapa, em Castanhal, a emoção foi redobrada: grande parte da família materna de Pedro esteve presente. “Foi muito gostoso porque todos saíram felizes com o que viram. Esse show sempre toca as pessoas. Nós três temos uma sensibilidade que alcança um lugar especial em quem ouve”, destaca.
Além da conexão com o público, sua participação se afirma nos arranjos e na versatilidade instrumental. Violão, contrabaixo, voz e, especialmente, o bandolim — um instrumento herdado da tia-avó marcam sua contribuição.
“Busquei não fugir muito do que está nas gravações, mas dei meu toque pessoal. Tenho um problema de saúde que me impede de tocar violão nos meus 100%, então explorei a simplicidade nos arranjos, de forma mais leve e minimalista. Foi muito bonito poder dar voz ao bandolim da minha família, que emocionou a todos no primeiro show”, conta.
Para o músico, o trabalho coletivo com Mateus e Sonyra é outro pilar da experiência. “Esse é o projeto em que mais utilizo minha versatilidade como instrumentista, e sinto que tudo se encaixa muito bem. Com poucos instrumentos, conseguimos alcançar uma sonoridade de grande impacto”, explica.
As oficinas também têm ampliado seu olhar sobre a arte-educação. “Já foi de grande aprendizado nessa primeira viagem, e acredito que virão cada vez mais. Me realizo muito nesse projeto, está sendo massa demais”, conclui.
Após Cotijuba, a turnê segue para Benevides e Belém, ampliando a conversa do trio com públicos distintos e reforçando a ideia de que este é um projeto de circulação atento às singularidades de cada lugar.

Programação
Mirante da Pedra Branca (Cotijuba)
Sábado, 18 de outubro
9h – Oficina “A natureza do som”, com Sonyra Bandeira
19h – Show “A Imitação do Vento”, de Mateus Moura, com Pedro Imbiriba e Sonyra Bandeira
Domingo, 19 de outubro
A partir das 16h – Roda de batuque com Mestre Dimmi e Carimbó Sensacional, Vaca-Bumbá Rosinha Cheirosa, Mateus Moura e Banda Aqui Agora


















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