Pelo segundo ano consecutivo a Casa Amazônia NY levou a diversidade do pensar e fazer
amazônico para o centro do debate climático global, e se consolidou como uma das programações mais importantes da Semana do Clima de NY. O evento trouxe painéis com especialistas em temas ligados ao meio ambiente mudanças climáticas, como bioeconomia, financiamento climático, educação e equidade, mercado criativo e oportunidades que a COP 30 levará a região, além do anúncio feito pelo governador do Pará, Helder Barbalho, que antecipou na Casa Amazônia a concretização de uma operação de venda de créditos de carbono de R$ 1 bilhão, a maior da história.

A edição deste ano da Casa Amazônia levou ao espaço Lightbox a excelência amazônica, seja no fazer científico, nas articulações da sociedade civil, nos produtos feitos na região (representados pela bioeconomia sociobiodiversa) e a sabedoria ancestral que pode trazer ensinamentos para lidar com os efeitos da crise climática atual. Para levar a narrativa amazônica em seus vários tons para a Semana do Clima, a Casa Amazônia NY escalou um time de painelistas de altíssimo nível para fazer jus à pluralidade de conhecimento que a região amazônica abriga.

“A Casa Amazônia é fruto de muito esforço, força e vontade de diversas pessoas. É muito
gratificante ver que através dessa alquimia entre arte, cultura e vozes de diversos setores
chegamos a esta mistura bastante bonita, que representa muito do que acredita que seja a Amazônia: bela e rica que precisa ser mostrada. Une na mesma sala estudantes, ativistas, produtores, financiadores, em diversos estágios de suas carreiras. Dar voz a todas essas pessoas para nós é muito importante”, diz Célia Barbosa, pesquisadora cultural formada em Estudos de Moda e uma das idealizadoras da Casa Amazônia.
A abertura do evento ofereceu aos participantes uma experiência imersiva e sinestésica para tentar se ambientar na selva amazônica mesmo estando na selva de pedra. Assinada pela artista visual Roberta Carvalho, o objetivo era convidar os presentes a repensar a floresta como uma conexão mais sustentável com o mundo ao redor.

Em seguida, os trabalhos foram abertos com o primeiro painel: Bioeconomia Sociobiodiversa. Se por um lado os espaços ainda são negados aos amazônidas, e seus conhecimentos contestados, os produtos que vêm da floresta ganham o mundo e são a expressão concreta da excelência do fazer amazônida. “A bioeconimia é fundamental para o equilíbrio climático. É um modelo de negócio que atua com a Amazônia e não contra ela. Vai nos fazer conseguir gerar desenvolvimento e qualidade de vida para quem vive aqui, valorizando nossa cultura, e contribuindo para que o clima no planeta continue possível para viver”, disse Joanna Martins, da rede de alimentos Manioca.
Outro eixo estratégico para o debate esteve presente nas discussões sobre financiamento. Uma das autoridades globais no assunto é a professora doutora da Universidade Federal do Pará, Lise Tupiassu, uma das painelistas da discussão sobre financiamento. Lise defende que a Casa Amazônia se coloca como um evento essencial na Semana do Clima, justamente por oferecer um espaço em que as pessoas da região apresentem os gargalos que existe para conciliar o desejo global de que a região siga sendo uma fonte de esperança diante da emergência climática. “O financiamento representa faze chegar até a ponta os recursos para que nós, da região, tenhamos uma melhoria de fato, tanto na Amazônia urbana como nas florestas. Há uma série de dificuldades logísticas e é preciso de recurso para melhorar a ciência e a tecnologia, e principalmente fazer estes campos crescerem a partir dos conhecimentos tradicionais e da vivência da região”, disse.

Valorizar a floresta em pé e fazer do patrimônio natural fonte de recursos para a região está na base da política elaborada pelo Governo do Pará no mercado de créditos de carbono. E o governador do Estado, Helder Barbalho, escolheu a Casa Amazônia NY para ser palco do anúncio da maior transação de créditos de carbono: R$ 1 bilhão por 12 milhões de toneladas de carbono, vendidas ao preço de 15 dólares a tonelada. “Pude estar aqui no ano passado e queria falar da alegria de estar aqui na Casa Amazônia novamente, com nossas embaixadoras Célia, Ana Cláudia e Caroline, junto à comunidade acadêmica aqui nos Estados Unidos. Viemos aqui para conversar sobre vocações como bioeconomia ou mercado de carbono como nova commodity. Isso
demonstra que passamos a incluir como conciliação nossa diversidade de oportunidades, como a produção alimentar sem destruir a floresta”, disse Helder.

As oportunidades que a COP 30 traz para Belém e a Amazônia, as formas de se conciliar
educação para buscar equidade no território e o mercado criativo presente na região também foram temas de painéis na Casa Amazônia, que recebeu ainda o lançamento da versão em inglês do livro “Inquietações de um Brasil Contemporâneo”, organizado pelo Instituto Arapyahu. “Acho que ter o evento pela segunda vez nesse espaço em Nova York consolidou sua existência e, de alguma forma, fez com que a gente celebrasse a diversidade, pluralidade e, sobretudo, a excelência da região. Acho que o grande legado é o de termos crescido muito em estrutura e nos firmado enquanto um dos grandes eventos da Semana do Clima de Nova York”, disse Ana Cláudia Cunha, Mestre em administração pública com enfoque em desenvolvimento econômico e também idealizadora do evento.
Para Caroline Rocha, o destaque da Casa Amazônia reside na proposta única que traz para a Semana do Clima, com uma tonalidade diferente das discussões existentes em outros espaços. “Trazemos uma imersão em vozes diversas, vozes que antes não teriam espaço aqui, além de condições e oportunidade de estar no centro da conversa, do debate. Então, o legado desse ano é a mudança de paradigma de Amazônia: de um local para ser salvo para o de protagonista de seu próprio desenvolvimento”, conclui diretora de políticas públicas e engajamento da La Clima e cocriadora da Casa Amazônia.
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