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COP das Baixadas pauta protagonismo das periferias amazônicas na COP30

A COP das Baixadas chega à COP30 com uma programação que se espalha por diferentes territórios periféricos de Belém, Ananindeua e Castanhal, pautando o debate climático dentro das comunidades. Até o dia 21 de novembro, a conferência popular realiza atividades, oficinas, rodas de conversa e atos culturais nas chamadas Yellow Zones: espaços comunitários que representam pólos de mobilização local e resistência amazônica.


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Para ampliar o alcance da discussão climática, a COP das Baixadas criou as Yellow Zones, ou Zonas Amarelas. Inspiradas na estrutura da COP oficial, que conta com a Blue Zone (negociações diplomáticas) e a Green Zone (aberta à sociedade civil), as Yellow Zones surgem como uma terceira via, destacando o espaço da comunidade.

Instaladas nas sedes de oito organizações, Barca Literária, Gueto Hub, Espaço EcoAmazônias, CEDENPA, Coletivo CHIBÉ, Coletivo Miri, Espaço Cultural Ruth Costa e Casa Cura, elas recebem uma programação paralela de oficinas, palestras, rodas de conversa e atividades culturais. O público-alvo são os moradores dos próprios territórios, que muitas vezes não conseguem acessar a Green Zone, mesmo sendo esta teoricamente aberta à sociedade civil.

“As Yellow Zones são zonas de envolvimento comunitário”, explica Ruth Ferreira, cofundadora da COP das Baixadas. “Quando começamos a participar dessas conferências internacionais, vimos que a população não estava presente porque eram espaços muito restritos. Então pensamos em uma forma de garantir esse envolvimento real em Belém. Assim nasceram as Yellow Zones”.

Segundo Ruth, que também participa das articulações na Blue Zone, a presença da COP das Baixadas dentro e fora da conferência oficial é essencial para garantir visibilidade às soluções climáticas já criadas pelas periferias. “Estamos participando para dar visibilidade às Yellow Zones e ao ato do dia 21. Queremos voltar o olhar da COP30 para as periferias de Belém, onde já existem soluções e experiências concretas de adaptação e resistência climática”.


A COP das Baixadas é um dos projetos de arte, educação e agroecologia, que denuncia os impactos da crise climática sobre as comunidades mais vulneráveis. Nascida há três anos, a conferência popular coloca a periferia no centro do debate climático. Em 2025, o evento chega à COP30, reunindo uma coalizão de 10 organizações amazônicas que atuam com arte, mobilidade urbana, pesquisa e justiça ambiental.

O objetivo é fortalecer as vozes das periferias urbanas e exigir que elas tenham presença real nos processos de decisão sobre o clima. “Reivindicamos sempre que as periferias amazônidas devem estar no centro do debate climático, não só quando temos uma conferência internacional por aqui”, afirma Ruth Ferreira.

Justiça climática e direito à cidade

Além de mobilizar comunidades, a COP das Baixadas também denuncia a exclusão das periferias das políticas públicas e obras de preparação para a COP30. Levantamento do Observatório das Baixadas mostra que as intervenções em infraestrutura, como saneamento, reforma de escolas e revitalização de praças, não contemplam as regiões mais vulneráveis.

Essas áreas, conhecidas como baixadas, são zonas historicamente ocupadas em torno de igarapés e rios, muitas vezes soterrados ou poluídos por falta de políticas adequadas. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as baixadas são áreas sujeitas a inundações e com habitações sobre palafitas desde a década de 1930.

“As Yellow Zones são espaços abertos e construídos pela comunidade, espaços que já existiam e que vão continuar por que são construídos por quem é do território. Espero que essa rede se amplie e a gente possa se fortalecer, pois a Cop acaba e nós ficamos. A nossa união pode ser um grande legado”, afirma Joyce Cursino, idealizadora do Espaço Ecoamazônia.

Um ato simbólico de resistência

O encerramento da COP das Baixadas, no dia 21 de novembro, será marcado pelo Ato pela Vida e Defesa dos Territórios, no bairro do Jurunas, território onde do evento. A mobilização cultural e política reafirma o compromisso das comunidades amazônicas com a defesa do direito à permanência nos territórios e com a continuidade da luta por justiça climática além da COP30.

“A luta das periferias amazônidas não termina com a COP”, reforça Ruth. “Ela continua todos os dias, nas casas, nas praças, nos rios e nas ruas, porque é ali que a crise climática se materializa primeiro”.


Serviço:

Evento: COP das Baixadas

Período: 10 a 21 de novembro de 2025

Locais: Yellow Zones em diferentes bairros de Belém e Ananindeua (Icoaraci, Jurunas, Águas Lindas, Telégrafo, entre outros)

Realização: Coalizão COP das Baixadas (14 organizações periféricas da Amazônia)

Programação:

10/11 – 10h

Atividade: Abertura da Yellow Zone Icoaraci na COP30



Organização: Coletivo CHIBÉ



Descrição: Projetos, andanças e circularidades em Icoaraci



Local: Espaço Cultural e Biblioteca Comunitária CHIBÉ – Rua Coronel Juvêncio Sarmento, 733 (Cruzeiro/Icoaraci)



Redes sociais: @coletivochibe



10/11 – 10h às 12h30


Atividade: Periferias e Vulnerabilidade Socioambiental: dados, resiliência e advocacy



Organização: Observatório das Baixadas



Descrição: Roda de diálogo e escuta com Instituto Marcinho Megas Kamaradas e Instituto Fogo Cruzado



Local: Casa da COP do Povo – Tv. Piedade, 426, Reduto



Redes sociais: @observatoriodasbaixadas



11/11 – Dia inteiro

Atividade: Mão na Massa e Cores da Amazônia



Yellow Zone/Organização: Yellow Zone EcoAmazônias



Descrição: Oficina criativa para crianças com pintura e barro; vivência de arte, natureza e cuidado com a Terra



Local: Espaço EcoAmazônias – Rua Tamoios, 624 – Jurunas



Redes sociais: @ecoamazonias @yellowzone @negritarproducoes



11/11 – 9h

Atividade: Vivência com Afrocabeleira



Organização: Coletivo CHIBÉ



Descrição: Cultura preta e periférica como ferramenta de autoestima e bem viver



Local: Espaço CHIBÉ – Rua Coronel Juvêncio Sarmento, 733



Redes sociais: @coletivochibe



11/11 – 15h

Atividade: Roda de Conversa – Construindo Carta de Direitos Climáticos



Organização: Coletivo CHIBÉ



Descrição: Experiências e caminhos a partir da Carta Climática de Icoaraci



Local: Espaço CHIBÉ – Rua Coronel Juvêncio Sarmento, 733



Redes sociais: @coletivochibe




18/11 – 9h

Atividade: Giro por Icoaraci – Entre rios e saberes



Organização: Coletivo CHIBÉ



Descrição: Roda de conversa com artistas, educadores e pesquisadores



Local: Espaço CHIBÉ



Redes sociais: @coletivochibe



18/11 – 15h

Atividade: Oficina – Construindo Carta de Direitos Climáticos



Organização: Coletivo CHIBÉ



Local: Espaço CHIBÉ



Redes sociais: @coletivochibe



18/11 – 16h

Atividade: Papos Cuida!



Organização: Mirí



Descrição: Espaço de divulgação de pessoas e organizações inspiradoras



Local: Central da COP – ICA



Redes sociais: @mirinacop30



19/11 – 15h às 17h30

Atividade: Side Event – “Das Margens ao Centro: Vozes Populares pelo Clima”



Organização: Associação Cultural Na Cuia



Descrição: Encontro de comunicadores populares; lançamento da cartilha da LAI



Local: Espaço Comitê Chico Mendes e Fundação BB – COP30, Museu Emílio Goeldi



Redes sociais: @nacuia_org @cpa_amazonia @chicomendescomite

 
 
 

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