Exposição Tó Teixeira – Mergulho na Vida e Obra revela ouniverso criativo de um dos grandes nomes da música paraense

A abertura na quinta-feira, 3 de abril, às 19h, no Museu da Imagem e do Som do Pará

(MIS-Pa) convida o público a conhecer de perto o universo íntimo e intelectual do artista.

Projeto selecionado pelo programa Rouanet Norte – Patrocínio Banco da Amazônia.

A trajetória e o legado de Tó Teixeira, um dos maiores nomes da música paraense, ganham destaque no projeto Tó Teixeira – Mergulho na Vida e Obra, selecionado pelo Programa Rouanet Norte,com patrocínio do Banco da Amazônia, Caixa, Banco do Brasil e Correios, e apoio institucional do Governodo Estado, por meio da Secult-Pa.

Foto: Miguel Chikaoka

A realização é da Kamara Kó Fotografias.Com curadoria de Alexandre Sequeira, a mostra combina afeto, pesquisa e memória, tendo comofio condutor as visões de dois importantes artistas: o fotógrafo e educador Miguel Chikaoka e o violonista,

compositor e pesquisador Salomão Habib. A coordenação geral é da produtora cultural Makiko Akao.

A exposição, de caráter híbrido e de ocupação, se espalhará pelas salas do MIS-Pa com montageme concepção de Nando Lima, que também assina a edição de vídeos, e Leno Martins, propondo ummergulho sensível em espaços fundamentais da vida de Tó, como a casa onde viveu na rua DomingosMarreiros, no bairro do Umarizal; seu ateliê de encadernação na Travessa 13 de Maio; e o palco doTheatro da Paz, onde foi homenageado em 1980.

Por meio de fotografias, objetos e documentos – entre eles um violão ressonador e um

cavaquinho Giannini dos anos 1960/1970, e um contrabaixo de três cordas do século 17 –, o público teráacesso a anotações, partituras, métodos de ensino musical e colagens que revelam a potência criativa do artista.

A exposição também apresenta outros artistas em diálogo com a vida e obra de Tó. Armando Sobral, Dias Junior, Bruno Rocha, Felipe Cortez e Petchó Silveira foram convidados a expor obras a partir desse mergulho, atualizando sua presença na cena artística contemporânea.

“Acreditamos poder assim colaborar para o entendimento do exercício de rememorar enquanto potência de ressignificação e emancipação, algo que nos faz compreender o presente e, ao mesmo tempo, projetar expectativas de futuro”, afirma o curador Alexandre Sequeira, que destaca o caráter coletivo ecomprometido do trabalho da equipe envolvida, especialmente diante do desconhecimento de grandeparte da nova geração sobre quem foi Tó Teixeira.

Foto: Miguel Chikaoka

FOTOGRAFIAS RARAS E PESQUISA DE DÉCADAS

O ponto de partida da curadoria foi o ensaio fotográfico realizado por Miguel Chikaoka, fruto de encontros com Tó no início dos anos 1980, pouco antes de se falecimento, em 1982. “Estou honrado em compor essa homenagem com imagens que tive a felicidade de produzir em momentos de grande significado e carga emocional. Pensar que tive o privilégio de conhecê-lo, trabalhando em sua oficina, na sua residência-escola e no palco do teatro me toca profundamente e continua sendo um aprendizado”,

relata o fotógrafo, cujo trabalho visual costura a exposição com sensibilidade e memória.

Além das imagens, a pesquisa de Salomão Habib, reunida no livro Tó Teixeira – O Poeta do Violão (2013), serviu de base documental e musical para a iniciativa. “O projeto que se abre aos olhos do público traz um humilde e nobre compositor [...] Uma história de resistência pautada no papel de pão onde Tó escrevia suas músicas e canções. Que venha a música guardada de Tó reacender a chama da fogueira de junho em nossas vidas”, declara o pesquisador, destacando a contribuição do projeto para o resgate da

história da música amazônica.

Inspirado nesses registros, o projeto não tem a pretensão de esgotar sua história e nem ser mais que outras pesquisas já realizadas sobre o músico, mas de apresentar um recorte revelador de sua complexidade artística. A proposta é que esse material desperte reflexões sobre cultura, pertencimento e resistência.

Tó Teixeira – Mergulho na Vida e Obra convida à construção de novas memórias e afirma a importância da cultura como elo entre gerações e como ferramenta de transformação social, especialmente num contexto em que juventudes ainda enfrentam desafios por reconhecimento e espaço.

Sobre Tó Teixeira

Antônio Teixeira do Nascimento Filho, conhecido como Tó Teixeira, nasceu em 13 de junho de 1893, no bairro do Umarizal, em Belém, e faleceu em 1982. Violonista, compositor e professor autodidata, desempenhou um papel fundamental na música paraense.

Iniciou sua trajetória como encadernador de livros — ofício que o aproximou da literatura e

influenciou sua criação musical — e tornou-se o primeiro professor de violão da região amazônica. Em sua residência, formou gerações de músicos de diferentes classes sociais. Multi-instrumentista, compôs valsas, choros, ladainhas, carimbós e sambas, introduzindo o violão em ritmos tradicionais paraenses como o “bambiá”, considerado precursor do carimbó.

Foi o primeiro músico negro a realizar um recital de violão no Pará, quebrando barreiras raciais e sociais. Apesar de sua relevância, teve sua obra pouco registrada em vida. Seu legado foi resgatado por Salomão Habib, que dedicou décadas à pesquisa e divulgação de sua música.

O projeto também oferecerá ao público, ao longo da exposição, palestras, mostra de filmes e oficina. No dia 6 de abril, além de visitas mediadas na exposição, será exibido o documentário “Tó Violão Mestre” (Dir. Felipe Cortez / versão completa), realizado pela Tv Cultura do Pará, às 11h, no auditório Eneida de Moraes, também no Centro Cultural Eneida de Moraes.

Programa Rouanet Norte - Banco da Amazônia, Caixa, Banco do Brasil e Correios. Apoio

institucional do Governo do Estado. Realização é da Kamara Kó Fotografias.

Serviço

Exposição: Tó Teixeira – Mergulho na Vida e Obra

Abertura: 3 de abril de 2025, às 19h

Visitação: de 4 de abril a 30 de agosto de 2025

Local: Museu da Imagem e do Som do Pará (MIS-Pa) – Centro Cultural Palacete Faciola

Endereço: Av. Governador José Malcher, 295 – Nazaré, Belém (PA)

Entrada gratuita

Informações: @toteixeiramergulhonavidaeobra