Mestres ribeirinhos levam à COP30 coleção de moda
- blognewschristian
- 8 de nov.
- 3 min de leitura
Entre tradição e futuro, o Instituto Letras que Flutuam chega à COP30 levando a estética dos rios amazônicos para dois espaços de Belém: a partir do dia 10 de novembro, o Canto do Letras, na Prana Tropical, onde estará exposta e à venda uma coleção de produtos inspirados na tipografia ribeirinha; e a Green Zone, dentro da programação oficial da conferência mundial, com painéis, relançamento do livro Letras que Flutuam e exibição do documentário Marajó das Letras.
Há um século, os barcos que cruzam os rios da Amazônia carregam não só mercadorias e pessoas, mas também uma forma de escrita que se tornou símbolo visual da região: as letras pintadas à mão por mestres abridores. Essa arte é o ponto de partida do livro Letras que Flutuam, obra que reúne mais de 20 anos de pesquisa sobre essa arte gráfica amazônica e que agora ganha edição comemorativa em 2025, no centenário dessa tradição.

“O livro não é apenas sobre técnica — é memória viva”, afirma Fernanda Martins, presidente do Instituto. “Muitos dos mestres que entrevistamos já faleceram, alguns durante a pandemia. Essa obra garante que suas vozes, seus saberes e sua arte não desapareçam.”
A nova edição, patrocinada pela Caixa e pelo Sebrae, teve tiragem de dois mil exemplares. Parte foi destinada a bibliotecas públicas e comunitárias, e mil cópias ficaram com o Instituto, cuja venda durante a COP30 ajuda a financiar suas ações culturais e de preservação da arte dos abridores.
Moda ribeirinha
No Canto do Letras, a partir do dia o Instituto apresenta peças que transformam a tradição em produtos de moda de baixo impacto e alto sentido cultural: camisas, agendas, cadernetas, letras recortadas, placas de madeira de barco reaproveitada com letreiros, letras em miriti e impressos desenvolvidos em parceria com mestres artesãos ribeirinhos do Pará. “São produtos que valorizam a cultura tradicional em prol de quem detém o saber — os mestres ribeirinhos. É uma forma de incluí-los no mercado de moda, gerando renda e reconhecimento. Por isso é fundamental que as pessoas apoiem o projeto e façam esse consumo consciente. O lucro dos produtos fica integralmente com os artesãos, e isso faz uma grande diferença na vida deles”, destaca Fernanda Martins.

Zona Verde
Na Green Zone, o Instituto marca presença em múltiplas frentes: no estande da Taberna Amazônica e no Brasil Bio Market, com o livro Letras que Flutuam; na Casa Pará, com o relançamento da obra, a exibição do documentário Marajó das Letras e uma demonstração ao vivo da arte de abrir letras; e no espaço Sebrae, no dia 15 de novembro, às 17h, com um painel sobre cultura e floresta em pé. A atividade discutirá como a valorização da cultura ribeirinha e o reconhecimento dos abridores de letras fortalecem a permanência no território, geram renda e reduzem o êxodo para as grandes cidades.
“A renda da venda dos livros e produtos reverte para o próprio Instituto, fortalecendo as ações de valorização dessa arte e dos mestres que a mantêm viva”, reforça Fernanda. “É um gesto de continuidade. O livro, os objetos e o painel são formas diferentes de garantir que essas letras sigam navegando.”
Serviço
Exposição e venda — Canto do Letras (Prana Tropical)Endereço: Travessa Rui Barbosa, 257, Loja 03, bairro Reduto, Belém (PA)Funcionamento: de 10 a 22 de novembro, de 13h às 17h (durante a COP30)
Programação — Green Zone (COP30)
Taberna Amazônica e Brasil Bio Market: livro Letras que Flutuam disponível.
Casa Pará: exibição do doc. Marajó das Letras; relançamento do livro; demonstração de abertura de letras.
Espaço Sebrae: painel “Letras que Flutuam: arte, território e sustentabilidade” — 15/11, às 17h.


















Comentários