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Projeto de Extensão do IFPA prevê modelos de casas sustentáveis adaptadas à realidade amazônica

“Ribeirizar: ambiência ribeirinha amazônica” é o título do projeto desenvolvido por docentes do Instituto Federal do Pará (IFPA) campus Belém, que busca alternativas para construção de casas ribeirinhas adequadas à nossa realidadedo Norte. “Quando o Governo Federal quer direcionar verbas para a habitação social dessas comunidades, ou grandes empresas querem fazer compensações ambientais e querem construir, eles buscam modelos de projetos prontos do Sul e Sudeste. Esses projetos não condizem com a realidade dos ribeirinhos”, explica a coordenadora do projeto, Eliana Machado Schuber.



“Isso a gente vê muito no Marajó, aqui em Belém, na Vila da Barca, que a casa não dá para pendurar uma rede. O ribeirinho não consegue dormir em rede, o que é essencial para eles. Então, a gente quer fazer um manual, uma cartilha, plataformas interativas, para que as pessoas tenham acesso ao modo de vida do ribeirinho, para que eles usem isso quando forem direcionar algum recurso para a habitação”, completa.

A partir dos cursos Técnico em Design de Interiores e da Especialização em Tecnologia Social, Saúde e Ambiente na Amazônia, Eliana e a também coordenadora Mônica Nazaré Espírito Santo da Silva, bem como os docentes Laura Caroline de Carvalho da Costa, Bruno Perdigão Pacheco e Orlando Simões Júnior, além de estudantes voluntários, criaram um protótipo de moradia que busca atender às necessidades cotidianas do ribeirinho amazônico.



Eliana Schuber explica que modelos de moradias trazidos do Centro-Sul brasileiro se baseiam na realidade das favelas e os projetos sequer levam em conta, por exemplo, incluir atadores de redes nas casas, que são típicos da população amazônica. “E isso impacta não só no dia-a-dia dos ribeirinhos, mas também na atividade econômica deles. Porque a atividade econômica dos ribeirinhos é exercida dentro da casa. Então a casa do ribeirinho é, além de um abrigo, de onde eles tiram o sustento deles”, completa.

Para desenvolverem o protótipo, foram visitadas as comunidades da Usina Vitória, na Ilha das Onças, e do Porto Ceasa, dentro na região urbana mais distante de Belém. A ideia é construir habitações saudáveis e sustentáveis a partir das diversidades e tradições locais, promovendo moradias seguras e resilientes (que se adaptam às alterações climáticas ao longo do tempo), reforçando o compromisso em garantir acesso igualitário a recursos essenciais, promovendo justiça social e inclusão.



O próximo passo do projeto é a instalação de módulos experimentais, ou seja, três casas-modelo em tamanho real: uma para servir de laboratório multidisciplinar, dentro do Campus Belém, além de uma em cada comunidade citada. Na Usina Vitória e no Porto Ceasa, devem ter moradores da localidade selecionados para avaliar se o modelo responde às suas necessidades cotidianas.

A coordenadora enfatiza ainda que, apesar de receber bastante apoio do IFPA, por meio de seu Campus, não há financiamento para o projeto. Muitas vezes, as visitas foram custeadas por coletas entre professores e estudantes.“Estivemos em Brasília e lá nós percebemos que nós éramos o único projeto que não tinha um financiamento de uma grande empresa, porque o olhar para a Amazônia é muito de fora para dentro e a gente está tentando mostrar o de dentro para fora. Nós é quem podemos desenvolver tecnologias que vá sanar os nossos problemas e temos muitos projetos nesse sentido, mas ainda pouco reconhecidos”, conta Eliana.

“Ribeirizar” no IFPA e na COP30

O embrião do “Riberizar” surgiu há três anos, a partir da disciplina Habitação Saudável, ministrada por Eliana e por Mônica, ambas com formação em Arquitetura. “A gente viu que tínhamos que trazer para o ribeirinho isso. As alternativas que eles trabalham lá no Centro-Sul, a gente também poderia trabalhar com as características do Norte. E, assim, surgiu o projeto, porque a precariedade da qualidade da habitação dessas comunidades é muito grande”, detalha Eliana.

Com vistas a integrar tecnologias sociais e práticas construtivas tradicionais, o projeto visa ainda desenvolver essas habitações adaptadas às condições culturais, ambientais e socioeconômicas da Amazônia, atendendo aos desafios do conforto térmico, da eficiência energética e do saneamento sustentável, alinhando-se aos princípios da promoção da saúde e da inclusão social.

Assim, o “Ribeirizar” nasceu de fato há dois anos, com uma metodologia participativa, ouvindo os moradores das comunidades visitadas. Não à toa, está entre os projetos destacados pela campanha IFPA na COP30 (para conhecer, acesse: cop30.ifpa.edu.br), que visa expor trabalho produzidos na instituição com foco nas questões de mudanças climáticas, meio ambiente e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU). 

Em especial, o Objetivo 10, sobre redução de desigualdades, e o Objetivo 11, sobre cidades e comunidades sustentáveis.Além desses, o projeto prevê ações relacionadas aos ODS 1 (erradicação da pobreza), 2 (fome zero e agricultura sustentável), 3 (saúde e bem-estar), 6 (água potável e saneamento), 7 (energia limpa e acessível), 8 (trabalho decente e crescimento econômico), 14 (vida na água) e 15 (vida terrestre).

Embora recursos externos pudessem ampliar o projeto, isso não desanimou as coordenadoras. Pelo contrário: engrandeceainda o reconhecimento que elas têm recebido: em março, o “Ribeirizar” recebeu o primeiro lugar da Mostra de Projetos e Protótipos do I Congresso de Extensão do IFPA (Conext). Além disso, o grupo foi aprovado em primeiro lugar em um edital da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (Setec/MEC), no eixo Infraestrutura, para se apresentarem na COP30, o maior evento sobre mudanças climáticas do mundo e que acontece em novembro, em Belém.


 

Serviço:

Você pode acessar o “Ribeirizar” e outros projetos do IFPA na COP30 pelo endereço cop30.ifpa.edu.br.

Assista ao vídeo do projeto: 


 
 
 

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