Sotaques da Sanfona Brasileira chega à segunda edição e acontece em Belém
O festival Sotaques da Sanfona Brasileira chega a Belém, homenageando Dominguinhos e reunindo sanfoneiros de vários cantos do Brasil, de 2 a 4 de junho, na Estação das Docas. A programação, que tem como objetivo mostrar a importância e pluralidade da sanfona e reforçar sua presença em
todos os segmentos da música brasileira, traz ainda workshops, palestra e aula-show gratuitos.
A 1ª edição do festival, realizada em junho de 2022, teve uma estreia histórica, com três noites lotadas em Belo Horizonte (MG), mostrando toda a diversidade da sanfona, esse instrumento que é um dos pilares da identidade musical brasileira, presente não apenas em ritmos como o forró,
mas se espalhando pelos mais diversos gêneros. Embora ainda seja, às vezes, vinculada a uma característica regional, especialmente por sua associação a artistas como Luiz Gonzaga e Dominguinhos, a sanfona vem sendo adotada por uma legião de novos músicos e hoje está presente nas diferentes vertentes da música brasileira, no jazz, nas suítes camerísticas, nos blocos de
carnaval etc. A criação do Sotaques da Sanfona Brasileira visa justamente reforçar essa pluralidade e a realização em uma nova cidade contribui para o entendimento do caráter nacional do instrumento.
Giselle Goldoni Tiso, idealizadora e diretora do festival, sempre foi uma apaixonada pelo instrumento. “Na minha infância, era muito comum estudar acordeom. Até mais do que violão. O acordeom tinha muito apelo. É um instrumento que abre e abraça o músico, com uma sonoridade linda”, enaltece.

Os shows do festival acontecem no Anfiteatro São Pedro Nolasco – Estação das Docas, com programação inteiramente gratuita. O grande omenageado desta edição é Dominguinhos. O projeto tem o patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de incentivo à Cultura,
realização Trem Mineiro, Ministério da Cultura, Governo Federal União e Reconstrução.
A programação inclui ainda workshops, palestra e aula-show, também gratuitos, e que acontecem na Fundação Amazônica de Música – FAM. As atividades visam contemplar os três pilares que norteiam o Festival: música (shows), educação (atividades educativas/ paralelas: aulas-show, palestra e workshops) e sustentabilidade (coleta seletiva de lixo e medição de carbono,
permitindo devolver para a cidade árvores plantadas de acordo com a medição de CO2).
O principal objetivo do festival é mostrar a importância e pluralidade da sanfona e reforçar sua presença em todos os segmentos da música brasileira. “Entra também a ideia dos sotaques, de não restringir à festa junina, ao forró e ao Nordeste. De mostrar a sanfona em toda a sua amplitude. É um instrumento que está presente, por exemplo, no Pantanal e uma maneira muito forte e interessante, no Sul do país, na música de câmara, no jazz, no choro... É um instrumento múltiplo”, explica Giselle.
A curadoria do festival é novamente de Toninho Ferragutti, um dos maiores músicos do país. Ele não esconde a alegria em participar do evento. “É extremamente prazeroso e realizador. É muito bom colocar no mesmo festival os grandes músicos e poder visualizar os estilos e a virtuosidade de
cada um. O público fica deslumbrado com o que está ouvindo e vendo. O acordeom geralmente fica escondido atrás da voz, e o festival, por ser instrumental, possibilita ao público se deslumbrar com tudo o que está acontecendo no desenvolvimento deste instrumento”, celebra.
A programação reúne novamente sanfoneiros de diversos cantos do país: de São Paulo vem o próprio Toninho, com seu Quinteto, e Gabriel Levy; do Rio e Janeiro, Marcelo Caldi e Kiko Horta; o paraibano Helinho Medeiros com o Quinteto da Paraíba; a pernambucana Karol Maciel; o gaúcho Renato
Borghetti; Marcelus Anderson, de Mato Grosso do Sul; o maranhenseAndrezinho; o sergipano Mestrinho. Por fim, os paraenses Tista Lima e TrioManari fazem as honras da casa.

O objetivo do festival é exibir a extensa produção musical do acordeom brasileiro, mostrando o instrumento em seus diversos contextos e apresentando também de que forma ele pode atuar como condutor de um projeto de musicalização, ‘Sanfona é cultura popular’, coordenado pelo
músico carioca Marcelo Caldi, que realiza a aula-show para um público infantojuvenil, no dia 03 de junho.
O pilar da educação abrange, além da aula-show, workshops de Gabriel Levy (‘A sanfona na música do mundo´) e Toninho Ferragutti (´Estudo diário para acordeonistas´), realizados no dia 01 de junho, e a palestra de Kiko Horta, ‘A história dos grandes sanfoneiros brasileiros: Gonzagão, Dominguinhos, Chiquinho do Acordeon e Sivuca’, no dia 02 de junho.
A itinerância deve ser uma das marcas do festival, como explica Giselle Goldoni Tiso: “Sempre houve um conceito e um desejo, muito fortes, de descentralizar e sair do Rio, de São Paulo, de Belo Horizonte, onde há muitos projetos, inclusive instrumentais. Neste ano, o Instituto Cultural Vale sugeriu a ida para Belém e eu aceitei prontamente, porque já era um desejo descentralizar e fazer projetos no Norte”.
Com relação à sustentabilidade, o festival contempla várias iniciativas: gestão de resíduos sólidos, gerenciamento de resíduos sólidos e óleos orgânicos, educação ambiental, comunicação visual, comunicação sobre o projeto aos participantes, medição de carbono, encaminhamento para cooperativas, gravimetria e divulgação de dados, além do plantio de mudas. “Vamos devolver para a cidade árvores plantadas de acordo com a medição de CO 2 . O nosso objetivo é incentivar outros projetos a fazerem o mesmo”, afirma Giselle Goldoni Tiso.
Por ter uma programação inteiramente gratuita, o festival aposta na ampliação do acesso à cultura como um dos pilares para sua realização, o que é um estímulo também para os artistas que participam do evento, como atesta Toninho Ferragutti ao falar da 1ª edição. “Vários acordeonistas, cada um querendo tocar mais bonito que o outro, foi de encher o coração de alegria. E ver a diversidade de estilos de cada região do país deixou o público emocionado”, celebra. Giselle Goldoni Tiso complementa: “O que sempre me alimenta e me estimula é fazer cada vez mais espetáculos em praça pública.
Ou mesmo em espaços fechados, mas sempre gratuitos. Aliás, acho que isso é fundamental quando você tem patrocínios que bancam o projeto todo. Isso é o que me encanta e me deixa feliz: de alguma forma contribuir com a democratização do acesso à cultura”, finaliza.
Sobre o Instituto Cultural Vale
O Instituto Cultural Vale parte do princípio de que viver a cultura possibilita às pessoas ampliarem sua visão de mundo e criarem perspectivas de futuro.
Tem um importante papel na transformação social e busca democratizar o acesso, fomentar a arte, a cultura, o conhecimento e a difusão de diversas expressões artísticas do nosso país, ao mesmo tempo em que contribui para o fortalecimento da economia criativa. São mais de 300 projetos criados, apoiados ou patrocinados em 24 estados e no Distrito Federal. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, patrocinados via Lei Federal de Incentivo à Cultura, com visitação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA). Onde tem Cultura, a Vale está. Visite o site do Instituto Cultural Vale: institutoculturalvale.org
SERVIÇO:
Sotaques da Sanfona Brasileira 2023
Local: Anfiteatro São Pedro Nolasco – Estação das Docas (Belém)
Datas:
02, 03 e 04 de junho (sexta, sábado e domingo)
*no dia 01/06 teremos dois workshops
PROGRAMAÇÃO SHOWS
1ª noite – 02/06/23 (sexta)
Horário shows: 19h
1. Tista Lima e Trio Manari (PA): A sanfona paraense
2. Gabriel Levy (SP): A sanfona na música do mundo
3. Helinho Medeiros e Quinteto da Paraíba (PB): A música de câmara na
sanfona