Um rio não existe sozinho: exposição imersiva inédita une Instituto Tomie Ohtake e Museu Goeldi em Belém
- blognewschristian
- 29 de set.
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Belém recebe a mostra coletiva inédita “Um rio não existe sozinho” , do Instituto Tomie Ohtake em parceria com o Museu Paraense Emílio Goeldi , que transforma o Parque Zoobotânico em um percurso de arte viva. De 3 de outubro a 30 de dezembro , obras de nove artistas criadas especialmente para este lugar ocupam trilhas, clareiras e sombras das árvores, convidando o público a caminhar, ouvir e respirar a floresta — não como cenário, mas como protagonista.
A mostra é viabilizada pelo Ministério da Cultura, por meio da Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), o Nubank — mantenedor institucional do Instituto Tomie Ohtake — e o Instituto Tomie Ohtake, em parceria o Museu Paraense Emílio Goeldi, instituição anfitriã e referência centenária na produção de conhecimento sobre a Amazônia. A mostra conta ainda com o patrocínio da AkzoNobel, Aché Laboratórios Farmacêuticos e PepsiCo. A PepsiCo é também patrocinadora institucional do Instituto Tomie Ohtake por meio do Programa de Ação Cultural (ProAC), da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo.

Criado e desenvolvido pelo Instituto Tomie Ohtake, sob curadoria de Sabrina Fontenele, curadora da instituição, e Vânia Leal, curadora convidada, para dialogar com os temas urgentes relacionados à 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que acontecerá em novembro de 2025, em Belém, o projeto teve início em 2024 com encontros, viagens de pesquisa e a realização dos seminários Diálogos São Paulo e Diálogos Belém. Artistas, mestres tradicionais, arquitetos, cientistas e ativistas participaram desses encontros, que buscaram construir uma rede nacional de conexões em torno de caminhos sustentáveis frente à crise climática. Agora, essas trocas se materializam em obras que não apenas ocupam o Parque, mas se integram e convivem com ele.
Museu de arte no Parque Zoobotânico
Na mostra coletiva, que reúne nove artistas de diferentes regiões do Brasil e um escritório de arquitetura, o Parque é matéria viva, ponto de partida e inspiração. Todas as obras são site specific, concebidas em diálogo direto com o ecossistema local, respeitando sua delicada dinâmica e propondo uma convivência sensível com seus ritmos, sons, cheiros e presenças. Diferente de um espaço expositivo convencional, cada trabalho precisou se adaptar às condições do ambiente — respeitando a fauna livre, a vegetação e a história de um museu com quase 130 anos de existência. O resultado é uma mostra que se constrói em diálogo e negociação constantes, reconhecendo o museu como lugar de vida e convivência.
“Esta ilha de biodiversidade cuidadosamente mantida existe em um planeta em colapso. Não é um convite ao escapismo, mas um lembrete poderoso do que está em jogo… Vivemos um tempo em que a crise climática se tornou realidade cotidiana. Esta exposição é uma forma de imaginar, junto com artistas e saberes tradicionais, outras possibilidades de existência mais generosas e sustentáveis”, afirma a curadora Sabrina Fontenele. “A floresta não é cenário, mas um sujeito político ativo e pulsante. Reconhecer isso é também reconhecer a urgência da justiça climática e a resistência dos povos que há séculos protegem esse território”, afirma Vânia Leal, curadora convidada.
Obras inéditas
A exposição traz obras de Sallisa Rosa (GO), que apresenta A terra esculpe a água, instalação em barro que evoca a relação ancestral entre terra e água e reforça a urgência de cuidar das águas que conectam todo o planeta; Rafael Segatto (ES), artista-trabalhador do mar, apresenta “Enquanto correm as águas”, instalação que combina remos e cores simbólicas para traçar uma cartografia poética das memórias, espiritualidades e navegações; PV Dias (PA), apresenta Paisagens commodities, projeção em vídeo mapping que revela os rastros da destruição ambiental na paisagem amazônica, sobrepondo imagens do acervo do Museu Goeldi com registros atuais; em Tela d’água, Noara Quintana (SC), recria espécies ameaçadas a partir de registros históricos, apontando para a fragilidade do ecossistema; já Elaine Arruda (PA) apresenta Entoar o vento e dançar marés, instalação que atravessa memórias femininas e ancestrais para refletir sobre o tempo, as águas e as travessias da vida.
A mostra conta ainda com a participação da artista Mari Nagem (MG), que apresenta 41°C, obra que transforma dados científicos sobre a seca histórica de 2023 no Lago Tefé em paisagens térmicas que alertam para a urgência da crise climática; Gustavo Caboco (RR/PR), do povo Wapichana, apresenta “Casa de bicho e Antibatismo: Victoria Regia”, instalações que afirmam a memória e a permanência indígena enquanto questionam as violências coloniais inscritas na Amazônia; Déba Tacana (RO) apresenta “Luz que Ança”, instalação em cerâmica e vidro fundido que conecta ancestralidade e futuro para refletir sobre a crise climática e os direitos humanos; e Francelino Mesquita (PA), escultor que apresenta as instalações “Proteja-me e Proteção ambiental”, propondo um ativismo visual com miriti e outros materiais naturais que evocam saberes ancestrais e alertam para a urgência da preservação da Floresta Amazônica.Coube ao Estúdio Flume projetar o pavilhão que abriga o Espaço Educativo da exposição, concebido a partir de recursos e técnicas locais como madeira e palha de ubuçu. Fundado em 2015 pelos arquitetos Christian Teshirogi e Noelia Monteiro, o escritório se consolidou por tratar a arquitetura como ferramenta de impacto social, com projetos que fortalecem comunidades rurais e tradicionais. Entre eles, destacam-se o Centro de Referência das Quebradeiras de Babaçu (MA) e a Casa do Mel (PA), reconhecidos nacional e internacionalmente por aliarem sustentabilidade, saberes locais e desenvolvimento comunitário.
Cada obra foi pensada para se integrar à paisagem de forma respeitosa, com baixo impacto ambiental e alto poder poético. São experiências imersivas, provocadoras, que reforçam a importância de repensarmos nosso modo de estar no mundo.
“A conexão entre ciência e arte é uma estratégia para cultivar vínculos afetivos com o patrimônio natural e cultural da Amazônia, ampliar o acesso ao conhecimento e fortalecer a consciência crítica”, destacam Sue Costa e Pedro Pompei, do Museu Paraense Emílio Goeldi. “É também um convite à imaginação e à reflexão, porque compreender a Amazônia exige tanto precisão científica quanto abertura poética”, finalizam.
Programação Pública
No dia 3 de outubro, abertura da exposição, o público poderá participar de uma intensa programação. Entre 9h30 e 12h30, acontecem três mesas no auditório do Pavilhão Eduardo Galvão, cada uma com 45 minutos de duração, reunindo diferentes artistas e mediadores: às 9h, Gustavo Caboco, Sallisa Rosa e Deba Tacana, com mediação de Sabrina Fontenele; às 10h, Elaine Arruda, Rafael Segatto e Mari Nagem, mediados por Vânia Leal; e, às 11h, PV Dias, Noara Quintana e Francelino Mesquita, com mediação de Ana Roman, superintendente artística do Instituto Tomie Ohtake. À tarde, das 15h às 16h30, o público é convidado para uma visita guiada pela mostra, com a participação dos artistas expositores.
Serviço:
Exposição coletiva Um rio não existe sozinho
Curadoria: Sabrina Fontenele e Vânia LealPré-abertura: 2 de outubro de 2025 (convidados), 10hEm cartaz de 3 de outubro a 30 de dezembro de 2025De terça a domingo, das 9h às 17hIngresso: R$ 3,00 (Bilheteria aberta até às 16h)
Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi
Centro de Exposições Eduardo Galvão Av. Gov Magalhães Barata, 376 - São Braz, Belém – PA


















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