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Ópera inédita de Paulo Coelho, Gilberto Gil e Aldo Brizzi tem estreia mundial no XXIV Festival de Ópera do Theatro da Paz

A ópera I-Juca Pirama, com libreto de Paulo Coelho e composição musical de

Gilberto Gil e Aldo Brizzi, terá sua estreia mundial no Theatro da Paz, em Belém

do Pará, nos dias 10, 11 e 12 de novembro, encerrando em grande estilo a

programação do XXIV Festival de Ópera do Theatro da Paz, no mesmo período

em que a capital paraense recebe a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre

Mudança do Clima (COP30).

Com 75 minutos de duração, a obra inspirada no poema de Gonçalves Dias reúne

cantores líricos e artistas do Núcleo de Ópera da Bahia (NOP), o Coro Carlos

Gomes de Belém, a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz e o grupo indígena

Huni kuin (Acre).


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A produção ecopoética propõe uma narrativa filosófica e sensorial sobre o

universo indígena da Amazônia, entrelaçando literatura, música, ancestralidade,

ecologia, coexistência e espiritualidade. Cantada em língua portuguesa, a ópera

articula música, canto, dança, projeções audiovisuais e rituais de matriz indígena,

traduzindo o encontro entre a tradição lírica e a sabedoria ancestral dos povos da

floresta.

O espetáculo é uma realização do Núcleo de Ópera da Bahia, em co-realização

do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), com

produção da ComArte Produções, apoio do programa Boca de Brasa, da

Fundação Gregório de Mattos e da Secretaria de Cultura e Turismo da Prefeitura

de Salvador. Também conta com o apoio de mídia televisiva da France

Télévisions.

“A obra vai revolucionar a ópera brasileira, com um trabalho magnífico de Aldo

Brizzi e Gilberto Gil”, emociona-se Paulo Coelho.

Para Ursula Vidal, secretária de Cultura do Pará, a estreia mundial de I-Juca

Pirama no palco do Theatro da Paz reafirma a grandeza do Festival de Ópera.

“Nosso Festival se consolidou, em 2025, como uma política pública de cultura que

diversifica suas parcerias institucionais, co-realizando grandes espetáculos com

outros importantes núcleos de produção operística do país. A ampliação do

repertório de montagens, com estreias mundiais de obras inspiradas no

riquíssimo universo simbólico de nossa Amazônia, reafirma a grandeza deste

Festival realizado há mais de duas décadas em um teatro monumento da cultura

brasileira”, destaca a secretária.

Todos os figurinos da ópera são eco sustentáveis e assinados por dois artistas: o

xamã e artista plástico Tukano Bu’ú Kennedy, responsável pelos trajes indígenas,

e a figurinista Irma Ferreira, autora dos figurinos modernos e dos adereços. As

criações foram produzidas por artesãos e coletivos indígenas da Amazônia, a

partir de materiais sustentáveis, fibras, pigmentos naturais e técnicas tradicionais.


“Os figurinos são concebidos por Bu’ú Kennedy, xamã tucano e grande artista

plástico. Ele criou uma série de trajes feitos com casca de árvore, mastigada

ritualmente durante três dias pelas mulheres tucanas antes de se transformar em

tecido. Já as vestes masculinas são cortiças de árvores amazônicas, que voltam a

crescer após o corte. É uma operação totalmente ecológica, que resgata a

criatividade dos povos da Amazônia e valoriza sua presença na criação artística”,

explica Aldo Brizzi, diretor musical e cênico da ópera.

O maestro destaca ainda que seis indígenas do povo Huni kuin, do Acre, estarão

em cena ao lado dos cantores líricos do NOP e do Coro Carlos Gomes, de Belém.

“Essa convivência cria uma dimensão simbólica e real entre o erudito e o

ancestral, unindo vozes que expressam a floresta em sua força espiritual e

estética”, e continua falando que a parceria com Gilberto Gil dá origem a uma

obra musical que reflete múltiplas matrizes culturais brasileiras. “A estética

musical dessa ópera segue a linha que já trabalhamos em Amor Azul, eu e Gil, ou

em obras minhas como a Ópera dos Terreiros. É uma fusão total entre elementos

da cultura afro, afro-brasileira, indígena e erudita. A melodia e a harmonia vêm um

pouco da música popular, porque é um trabalho feito a quatro mãos com o Gil.

Tudo flui naturalmente entre a rítmica indígena e a linguagem sinfônica, com o

DNA da música popular sempre presente de forma comovente e radical”, destaca

Brizzi.

O compositor ressalta que o texto de Gonçalves Dias foi determinante para o

ritmo e o caráter da obra. “A força da palavra de Gonçalves Dias é extraordinária.

Ela traz uma musicalidade própria, com termos que hoje soam incomuns, mas

cheios de sentido. Nossa ópera se passa em duas épocas — a antiga, narrada

por Gonçalves Dias, e a moderna, contada por nós. O I-Juca contemporâneo

revive a busca por identidade em meio à destruição. Essa convivência entre o

antigo e o novo dá à obra uma dimensão simbólica de continuidade e

transformação.”

Para Brizzi, o Núcleo de Ópera da Bahia reafirma sua vocação de aproximar a

ópera das raízes culturais brasileiras. “O NOP sempre deu grande relevância à

cultura de raiz. Nossas óperas são em português e querem comunicar. Não é

ópera intelectual, é ópera popular no verdadeiro sentido do termo. A ópera

sempre foi a arte do seu tempo — popular e profunda. Queremos ser modernos e

criativos, com respeito às raízes, para que todos possam se emocionar e se

reconhecer no que fazemos”.

Os desafios de unir o canto lírico às tradições indígenas fazem parte da trajetória

de Aldo Brizzi. Em Amor Azul, ele e Gilberto Gil uniram o DNA da música popular

brasileira à grande respiração da música sinfônica; em Ópera dos Terreiros,

aproximaram o Candomblé da eletrônica e do canto lírico. Em I-Juca Pirama, a

orquestra e o coro se unem à rítmica e à tímbrica dos instrumentos indígenas,

criando uma cor sonora única e profundamente simbólica.

A obra nasce do diálogo entre arte, ecologia e consciência ambiental. A floresta

está presente em cada gesto, som e material de cena, fazendo da ópera uma

verdadeira celebração da Amazônia e de sua sabedoria ancestral.


Considerada por Paulo Coelho como um trabalho capaz de revolucionar a ópera

brasileira, a produção inicia com um prólogo em vídeo-projeção gravado na

Amazônia, com Gilberto Gil no papel de Croá, o trovador dos povos originários,

cantando uma música inédita sobre as queimadas, e o próprio Paulo Coelho

interpretando Gonçalves Dias, que se transforma em Espírito da Terra.

A escolha de Belém e do Theatro da Paz para a estreia mundial de I-Juca Pirama

reforça o simbolismo amazônico da obra e a tradição da cidade como polo

operístico do país. O teatro, um dos mais antigos e importantes do Brasil, tem

sido palco de grandes criações do Núcleo de Ópera da Bahia e consolida-se

como espaço de encontro entre linguagens, culturas e territórios sonoros. “Se

apresentar no Theatro da Paz é sempre um prazer. Em 2022, já estivemos aqui

com a Ópera dos Terreiros, no Festival de Ópera, e foi uma experiência marcante.

Desta vez, voltamos para vibrar junto com aquela acústica maravilhosa e com o

público paraense, que sempre acolhe a criação operística com generosidade e

emoção”, conclui Brizzi.

A renda da estreia será totalmente revertida em apoio ao povo indígena da Vila

Dom Bosco, no Alto Rio Tiquié, distrito de Pari Cachoeira, região do Alto Rio

Negro. A iniciativa busca valorizar a educação intercultural e preservar o legado

das línguas e saberes ancestrais.

SINOPSE

Após ter suas terras devastadas pelos colonos portugueses, o jovem guerreiro I-

Juca Pirama, último de sua tribo, parte em busca de novos territórios e de um

sentido para sua existência.

Capturado pelos Timbiras, é condenado ao sacrifício, mas sua coragem e

dignidade transformam seus algozes.

Entre o dever do guerreiro e o chamado da vida, I-Juca enfrenta o conflito entre

honra e sobrevivência.

Na ópera, a história se desenrola entre duas épocas — a antiga, contada por

Gonçalves Dias, e a moderna, em que novas queimadas e devastações fazem o

I-Juca contemporâneo reviver a busca por significado e pertencimento.

Sua jornada reflete o destino de um povo em exílio na sua própria terra e o grito

da floresta ferida.

Em uma dimensão paralela, o Espírito da Terra tudo vê, prevê, narra e abraça.

Entre os dois tempos da história, ela é a guardiã da memória e da transformação.

Jaci, jovem Timbira frágil e encantada por I-Juca no tempo ancestral, renasce na

era moderna como sua própria descendente, jornalista que entrevista o “I-Juca”

contemporâneo nas terras devastadas pelas queimadas.

Mas um antídoto poderoso resiste ao avanço da destruição: a força dos sonhos e

a técnica ancestral de torná-los realidade.

Assim, o mito renasce no presente, lembrando que a terra, mesmo ferida,

continua a sonhar através de seus filhos.

BIOGRAFIAS

Paulo Coelho – Autor do texto original

Reconhecido mundialmente, Paulo Coelho é um dos escritores mais lidos de

todos os tempos, com mais de 320 milhões de livros vendidos em 170 países e

traduzido para 88 idiomas. É membro da Academia Brasileira de Letras e


Embaixador da Paz das Nações Unidas. Pela primeira vez, assina um texto

original para o palco, ampliando sua obra para a linguagem cênica e musical.

Gilberto Gil – Compositor

Músico, compositor e intelectual, Gilberto Gil foi Ministro da Cultura do Brasil, é

membro da Academia Brasileira de Letras e vencedor de múltiplos prêmios

internacionais, incluindo Grammys e a Legião de Honra da França.

Sua obra é um patrimônio da música brasileira, mesclando raízes populares com

inovação estética.

Aldo Brizzi – Diretor musical e coautor da composição

Maestro, compositor e produtor ítalo-brasileiro, Aldo Brizzi já regeu as mais

importantes orquestras na Europa e nas Américas. Autor de óperas como Amor

Azul e Ópera dos Terreiros, é diretor do Núcleo de Ópera da Bahia (NOP) e

reconhecido por integrar linguagens populares a tradição lírica, criando pontes

entre o erudito e o contemporâneo.

Núcleo de Ópera da Bahia (NOP)

Coletivo lírico com sede em Salvador, o NOP é um projeto de excelência na

formação e difusão da ópera brasileira, reunindo cantores, músicos e criadores

com ênfase em diversidade racial e de linguagem. É 90% composto por artistas

afro-brasileiros. Responsável por produções que mesclam tradição e inovação,

atua também na formação de público e em ações de inclusão social.

Bu’ú Kennedy – Figurinista e artista plástico

Artista Tukano do povo Ye’pá Mahsã, da região de São Gabriel da Cachoeira

(AM), Bu’ú Kennedy atua com pintura, instalação e figurino, destacando-se pelo

uso de materiais naturais e símbolos ancestrais. Sua produção artística baseia-se

na marchetaria, técnica de justaposição e encaixe de lâminas de madeiras

diferentes, que formam paisagens, motivos e símbolos.

Festival de Ópera do Theatro da Paz

Criado em 2002, o Festival de Ópera do Theatro da Paz é uma das mais

duradouras políticas públicas de formação de plateia do país. Realizado pelo

Governo do Pará, por da Secult, o festival tem como anfitriã a Orquestra Sinfônica

do Theatro da Paz — corpo artístico oficial do teatro, que completará 30 anos em

2026 — e se destaca por unir excelência musical, formação de público e

protagonismo amazônico.

Ao longo de mais de duas décadas, recebeu mais de quarenta montagens, entre

clássicos como La Traviata, Carmen, O Guarani e A Flauta Mágica, e estreias

nacionais e mundiais inspiradas na literatura e no imaginário da Amazônia.

Também desenvolve ações de inclusão, como o projeto Sons de Liberdade, que

promove a reinserção de mulheres custodiadas e egressas do sistema penal por

meio da confecção dos figurinos das montagens.

Em 2025, o XXIV Festival de Ópera do Theatro da Paz apresentou a estreia

mundial de Cobra Norato – Terras do Sem Fim, inspirada no poema de Raul

Bopp, com libreto de Bernardo Vilhena, música de André Abujamra, direção

artística de Carla Camurati e regência de Silvio Viegas; o concerto Tudo Isto é Teu

– Uma Celebração de Waldemar Henrique, em parceria com o Theatro Municipal

do Rio de Janeiro; e a Gala Lírica “A Ópera da Amazônia”, com a OSTP.



FICHA TÉCNICA (resumo)

Título: I-Juca Pirama

Subtítulo: Aquele que deve morrer

Texto: Paulo Coelho e Aldo Brizzi, livre recriação a partir do poema de Gonçalves

Dias

Música original: Gilberto Gil e Aldo Brizzi

Direção musical e cênica: Aldo Brizzi

Figurinos indígenas​: Bu’ú Kennedy

Figurinos modernos e adereços: Irma Ferreira

Elenco:

I-Juca Pirama – Jean William

Espírito da Terra – Graça Reis

Cacique – Irma Ferreira

Jaci – Milla Franco

Ogib – Josehr Santos

Grupo vocal lírico-popular do Núcleo de Ópera da Bahia

Grupo indígena do Povo Huni kuin (Acre)

Coro Carlos Gomes de Belém

Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz

Maestro: Aldo Brizzi

Participações especiais: Gilberto Gil e Paulo Coelho (projeções audiovisuais)

Duração: 75 minutos

Realização: Núcleo de Ópera da Bahia

Co-realização: Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura

(Secult)

Produção: ComArte Produções


SERVIÇO:

I-JUCA PIRAMA – Aquele que deve morrer

Estreia mundial

Ópera inspirada na obra poética de Gonçalves Dias, em língua portuguesa,

dividida em dois atos

Libreto de Paulo Coelho, composição musical de Gilberto Gil e Aldo Brizzi

Data: 10, 11 e 12 de novembro

Horário: 20h

Local: Theatro da Paz

Praça da República | Rua da Paz, s/n, Centro

Belém – PA

Valores dos ingressos:


Plateia, varanda, frisas e camarotes de primeira ordem: R$80 • Inteira | R$40 •

Meia

Camarotes de segunda ordem: R$80 • Inteira | R$40 • Meia

Galeria: R$60 • Inteira | R$30 • Meia

Paraíso: R$40 • Inteira | R$20 • Meia

Serviço: 

O espetáculo estreia no dia 10 de novembro e terá ainda mais duas récitas nos

dias 11 e 12 de novembro, às 20h. Os ingressos já estão à venda na bilheteria do

TP e por meio do site: www.ticketfacil.com.br. Dúvidas e informações sobre venda

de ingressos: (91) 3252-8603. E-mail: bilheteria@theatrodapaz.com .

 
 
 

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